Por Fernanda Miranda | Publicado em 25 de maio de 2021
A adolescência é vista como uma fase de contradições, que desafia a experiência das famílias e dos profissionais da educação com relação ao rumo das novas gerações. Em tempos marcados por avanços científicos e tecnológicos, permanece o desafio conflitante dessa etapa da vida que não coaduna mais com tradições arcaicas para construir seus sonhos e sua identidade, na obscuridade de um tempo apressado, que, muitas vezes, atropela as ansiedades e as dúvidas características desse período evolutivo. A escola, instância de manifestação dos fenômenos sociais, enfrenta esse desafio buscando propostas que respondam a esta realidade de alguma forma.
A ideia do que chamamos hoje de “adolescência” nem sempre existiu e, como qualquer outra concepção, surgiu a partir de um conjunto de elementos sócio-históricos que favoreceram sua consolidação. Na idade média, contava-se apenas com o conceito de infância, como fase de dependência, e o período adulto, correspondendo a uma fase mais “civilizada”. Foi no século XX, após a 2ª Guerra Mundial, que se consolidou a concepção da adolescência como etapa da vida marcada por características próprias, com estatuto legal e social. E os estudos da época encaravam-na como um desafio e um período de caos de valores e comportamentos. Visão que perdura até os dias de hoje, principalmente nas escolas.
Para além da visão de rebeldia e inquietação herdada de uma construção histórica, é preciso considerar que as visíveis mudanças físicas e hormonais, a presença de processos afetivos complexos e intrigantes na adolescência são reais. Nessa fase, o jovem precisa lidar com a elaboração da perda do status da infância, que o resguardava de alguma forma, com as inúmeras escolhas da vida que passam a fazer parte de suas preocupações, o amadurecimento das funções sexuais e suas reverberações e a identificação com os grupos sociais dos quais faz parte. E a escola? Como tem feito para trazer elementos favoráveis à construção de um espaço de formação integral desse jovem?
A Escola Balão Vermelho propõe como desafio aos seus educadores a construção de um currículo orgânico, de modo que o educador possa lidar com esse jovem real, participante de uma sociedade multifacetada e plural. Esse adolescente do século XXI é a expressão de um todo complexo e diverso. Não há como pensar a adolescência na escola se não adentrarmos nas questões típicas dessa fase de transformação, levando em consideração também a inovação tecnológica, a análise das ideologias vigentes que permeiam a sociedade, ideais políticos, necessidade de novos padrões de consumo diante da insustentabilidade planetária, dentre outros temas relevantes. Esses elementos precisam estar presentes nos projetos, debates, sequências didáticas, eventos, enfim, no dia a dia do adolescente na Escola Balão Vermelho.
Atualmente, não podemos deixar de ressaltar como os avanços tecnológicos ocupam a vida do adolescente, muitas vezes em detrimento de questões relacionais e afetivas. O jovem busca sentido em sua existência diante de um panorama de incertezas, em meio a uma pandemia que obriga a intensificação das relações virtuais. Os ideais, antes tão claros, tornam-se diluídos em guerras ideológicas, materializadas nas fake news e nos posicionamentos políticos duvidosos e com pouca consistência. A inserção necessária e, ao mesmo tempo, solitária no mundo virtual tem influenciado sobremaneira a construção afetiva do jovem. Nessa perspectiva, a Escola Balão Vermelho tem instigado sua equipe docente e técnica a refletir sobre o uso da tecnologia em favor da construção do conhecimento e, ao mesmo tempo, da perpetuação dos laços afetivos e da manutenção das relações mesmo em tempos remotos.
É certo que nunca foi tão necessária a união entre esses jovens, a abertura para o espaço do debate, da troca de experiências, a reflexão sobre as questões sociais, políticas e relacionais. Nunca foi tão necessária a solidariedade e a atuação da escola e da família no amparo a este período tão importante na formação da personalidade do sujeito. Faz parte de uma formação saudável lidar com as contradições da vida, lidar com os afetos e com as frustrações, lidar com as realidades. Que os jovens possam ser protagonistas na construção desse novo mundo. E a Escola Balão Vermelho aposta em sua equipe de profissionais para formar esse adolescente rumo a uma atuação em sociedade, emancipada e reflexiva.
A Escola Balão Vermelho vem desenvolvendo um trabalho em parceria com as famílias, com o intuito de aproximar cada vez mais os jovens das questões relacionadas à sua inserção no mundo digital e ao enfrentamento dos quadros nefastos da Pandemia. Esse trabalho é feito a partir dos princípios construtivistas, onde o diálogo, a escuta e o protagonismo dos alunos são primordiais, buscando sempre respeitar o tempo adequado para eles.
O aconselhamento, a qualificação dos momentos dos meetings, a aproximação de professores e alunos têm sido um bom esteio para dar suporte ao nosso adolescente nesse período. Docentes e equipe técnica do Balão Vermelho compartilham estudos e impressões que auxiliam a comunidade escolar a construir um olhar mais orgânico e integral para esta fase de desenvolvimento tão importante, que é a adolescência.
Gostou de entender melhor sobre a escola para uma adolescência plural? Então aproveite para entender melhor sobre efeitos positivos da tecnologia na infância.