Literatura na Educação Infantil

Por Bruna Seidel e Ana Carolina Correia  |  17 de fevereiro de 2022

 

A literatura está presente em vários momentos da educação, tendo o professor uma função importante no desenvolvimento da prática da formação de leitores.

De acordo com Rildo Cosson (2020), na segunda metade do século XX, novos paradigmas mudaram a relação  do ensino da literatura, ela avançou com as transformações do mundo, assim como o seu ensino também foi se transformando.

Veloso (2003) ressalta que o livro para crianças será bom se, em cada ato de recepção, estimular a imaginação e permitir uma efetiva fruição estética. Para que isso aconteça, é preciso que haja uma adequação ao nível das competências da criança, pois a assimilação da qualidade passa por múltiplas situações experienciais que lhe permitem apurar o gosto e ganhar uma progressiva capacidade de seleção.

Muitos autores investem também  em demandas de ordem psicológica, como “ O Monstro Rosa”, de Olga de Dios, “A Velhinha que Dava Nome às Coisas", de Cynthia Rylant,” Pedro e Lua”, de Odilon Moraes, “A Galinha Ruiva”, de Elza Fiúza, “Este é o Lobo”, de Alexandre Rampazo, “A Bruxa Salomé”, de Audrey e Don Wood, “ O Incrível Livro de Gildo”, de Silvana Rando, “Um Dia na Vida de Amos McGee”, de Philip C. Stead,

A literatura Infantil pode colaborar com o processo de apropriação da linguagem escrita, agregando conhecimento e produzindo conceitos significativos no desenvolvimento de ensino e aprendizado. Respeitando as especificidades da criança e suas capacidades de compreensão do saber. Ouvir histórias é uma das formas essenciais de “leitura”, (Patte Geneviève Patte 1987, p. 179). 

O educador poderá selecionar livros literários com o objetivo de levantar reflexões, debates e mediar entendimentos divergentes como, “Um Porco vem Morar aqui”, de Cláudia Fries e Gilda Aquino,” Letras de Carvão, de Irene Vasco e Juan Palomino, “Chuva de Manga e Escola de Chuva”, de James Rumford.

O método de alfabetização e letramento, segundo o que proferem os autores como Abramovich (1997), Kleiman (2005), Tfouni (2006), Freire (2008) e Soares (2008), em conjunto com a literatura infantil são mecanismos que caracterizam o aprendizado e o contextualizam de forma perspicaz, por meio de práticas lúdicas desenvolvendo assim o estímulo e as habilidades orais e escritas de maneira bem significativa na criança, podendo também despertar o gosto pela leitura na educação infantil.

Para que isso ocorra por meio da literatura no ensino aprendizagem na educação infantil, é de grande importância um ambiente que favoreça o acesso das crianças ao mundo das palavras escritas, uma vez que esse ambiente permite a aprendizagem das relações estabelecidas na comunicação dos sujeitos. Assegurar uma aprendizagem de qualidade merece esforço, dedicação, conhecimento e boas mediações por parte das educadoras. 

Esse esforço reflete-se em ambientes educativos que instiguem à leitura e à expressão do pensamento da criança, possibilitando a criação de hipóteses e expressão das ideias, já que a literatura, por meio da escrita e da leitura da sua realidade, com a utilização de diferentes recursos, tais como: pintura, colagem, músicas, entre outros, perpassa todo esse processo.

O âmbito escolar caracteriza-se também como um ambiente propício ao estabelecimento das relações, organizações, questionamentos por parte da criança sobre os sistemas escritos. Os diversos materiais escritos, espalhados pelas paredes, não proporcionarão a criação de hipóteses pelas crianças se esses materiais não forem trabalhados pelo educador. Isso se deve ao fato de que a compreensão da linguagem escrita não pode ficar diluída em poucos momentos da rotina diária. Ela precisa estar constantemente nas práticas educativas de forma sistematizada e intencional. 

A Escola Balão Vermelho tem como Projeto Literário Institucional a Giroletras, fruto da convicção de que a LITERATURA precisa ser vivida na escola como prática social de um bem cultural que se aprende a usufruir e compartilhar, com a intenção de trazer a público a palavra das crianças sobre os livros de literatura que circulam na escola. Um projeto que se validou como política de leitura, pelos resultados de uma experiência que valoriza o livre acesso, a livre escolha e o compartilhamento.

É preciso que a criança dê significado ao ambiente alfabetizador. Lembrando que, através da mediação do educador, nasce a observação direcionada e intencional para os diferentes materiais pedagógicos dispostos na sala, os quais passam a ter sentido e utilidade para a criança.

Devries, Zan (1998) sugerem que o professor pode escolher histórias que levem as crianças a observarem vários pontos de vista. Levantando questões e permitindo que elas comentem os seus pensamentos. Ele poderá, também, repetir as frases ditas por elas durante as discussões, com o objetivo de reformularem o que falaram.

 Outro ponto relevante é que o educador não julgue o pensamento da criança, como se houvesse respostas corretas e ele soubesse quais são. Devries; Zan (1998, p.191) dizem que: “O importante é ter em mente que não há respostas certas ou erradas para um dilema moral. Todas as ideias são valorizadas e o objetivo não é chegar a um consenso, mas promover o raciocínio [...]”.

Em seu livro, Freire (1995) defende que a leitura não pode ser distinta daquilo que a criança percebe ao seu redor, que não faz sentido repetir e memorizar sílabas soltas como ba-be-bi-bo-bu, mas, para além disso, é preciso estar dentro do contexto onde a criança está inserida, suas vivências e desejos. 

Existe uma preocupação em formar leitores críticos que consigam não somente decodificar as letras e sua fonética, mas compreender, interpretar e questionar aquilo que se lê. Seguindo esse mesmo raciocínio, é importante perceber a diferença entre o ato de ler informações soltas e o hábito de uma leitura crítica. Segundo Freire (1995, p. 9), “a leitura crítica de mundo precede a leitura da palavra, pois linguagem e realidade se ligam dinamicamente”. Nesse sentido, a criança primeiro lê o que está a sua volta, seja sua casa, sua escola e tudo que está em seu cotidiano, para depois ler a palavra. Com isso, a leitura escrita deve fazer sentido para o indivíduo, sem causar uma ruptura com sua leitura de mundo, deve se iniciar a leitura com a chamada “palavramundo”, ou seja, palavras comuns de seu dia a dia. (FREIRE, 1995, p. 11).

Com base no exposto, fica claro que, nos dias de hoje, o trabalho com a literatura é o caminho  para que a criança construa sua formação social, com isso tornando mais fácil a tarefa de compreender o mundo, sem deixar de respeitar as diferenças culturais, sociais  e políticas de uma sociedade. Isso significa, também, proporcionar à criança a oportunidade de agir sobre sua comunidade e obter as condições necessárias para pensar sobre os fatos ocorridos ao seu redor, além de ser capaz de expor opiniões e buscar direitos. Dessa forma, é possível formar cidadãos com oportunidade para o desenvolvimento da sua construção moral e sem limitações por conceitos preestabelecidos.

O objetivo é que esta criança ou leitor seja capaz de contemplar e reagir, diluir e refletir sobre o que foi lido. A literatura e a alfabetização andam juntas o tempo todo, uma vez que as crianças gostam de ouvir histórias e se encantam por esse mundo de fantasia, o que se mostra muito importante no processo da alfabetização.  Sendo assim, a metodologia de ensino-aprendizado é desenvolvida com mais atributos, proporcionando uma prática de ensino mais dinâmica e entusiástica, na qual a criança é estimulada a interagir com a ideia colocada em questão.

 

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